
31 Mar É altura!
Cheios de informação e desinformação, é possivelmente como nos sentimos atualmente relativamente ao COVID-19. É quase que um entretenimento a full time, para fazer face ao “aconselhado recolher obrigatório”.
A verdade é que, pessoalmente, não sei como me hei-de sentir, o que me cria uma ansiedade atroz. As notícias vindas de Itália e Espanha são devastadoras, e não quero sequer pensar que isto pode suceder connosco. Mas pode!
Pensamos nos nossos familiares e amigos próximos, colegas de trabalho ou de outras atividades, e a verdade é que tememos por eles, para além de nós.
Quando nos esquecemos disto do ponto de vista da saúde, lembra-mo-nos disto do ponto vista financeiro. Como vai o tecido empresarial português (composto maioritariamente por micro, pequenas e médias empresas) sobreviver a isto? Sabemos que muitas empresas vivem à base do “chapa ganha – chapa gasta”, que aquilo que faturam ainda não receberam, que têm de ter dinheiro para antecipar impostos e que a tesouraria anda sempre no limbo. Como vai esta considerável fatia de empresas sobreviver e, mais do que isso, o que vai acontecer com os trabalhadores destas empresas?
Surgem-nos nesta hora imensas perguntas, e as respostas que temos não são as que queríamos ouvir.
Para distrair, damos uma volta pelas redes socais. Entre os posts dos #diasdequarentena, teorias sobre o COVID-19, soluções milagrosas para atravessar os dias difíceis que estamos a viver, e poderosas armas de reinvenção pessoal e empresarial com “promessas” de cenários idílicos, conseguimos passar umas boas horas de imersão, das quais podemos dizer que aproveitámos… puto (para quem não sabe, significa NADA).
Todavia, como uma moeda tem sempre dois lados e uma faca “dois legumes”, e sobre um destes já falei, vamos ver o outro.
A natureza tem-se queixado menos, ultimamente. Nunca se pode falar de uma recuperação, mas veja-se o que aconteceu em tão poucos dias. É brutal! Por vezes, pergunto-me se serão verdadeiras as notícias e imagens que passam sobre este desanuviar da pressão do homem sobre a terra. A serem verdadeiras, podemos dizer que a natureza regenera quando o homem está doente.
Obviamente que não me estou a referir a este facto com uma vontade implícita de que adoeçamos todos. Apenas gostava que, no meio desta situação, parássemos para pensar nisto. Estamos a ser obrigados a tomar medidas para conter um vírus e ao mesmo tempo esta paragem está a possibilitar que um vírus no qual nos tornámos permita que a natureza sare.
Não é filosofia de bolso, é real. Nós temos impacto em tudo o que fazemos, quer de bom, quer de mau. Quando somos obrigados, tornamo-nos meninos bem-comportados (uns mais que outros) e fazemos o que nos dizem, mas quando isso não acontece, é um fartar de vilanagem.
É efetivamente altura de parar para pensar e de acreditar que, se quisermos (e isto não significa que tenhamos de ser obrigados, ou se calhar sim), podemos fazer as coisas de maneira diferente.
É altura de unir esforços, algo que já mostrámos ser capazes quando tal é necessário. É altura de mudar os nossos hábitos, algo que também já mostrámos conseguir quando fomos obrigados a isso. É altura de pensar como consumimos, como produzimos, como nos relacionamos do ponto de vista pessoal e profissional. É altura de nos respeitarmos. É altura de termos impacto, um outro tipo de impacto, o positivo!
Eu acredito que é possível, se tu também acreditares, talvez consigamos fazer a mudança!
Por Nuno Trindade, Business Analyst – People & Marketing Manager