A Falta de Tempo

A Falta de Tempo

Hoje trouxe este tópico porque efetivamente padeço deste problema. Desde a formação ao coaching pessoal, aos livros, posts e artigos, muitos são os ensinamentos e informação disponíveis, mas de facto não tenho tempo para me dedicar a eles.

Fazendo uma analogia com as relações entre seres vivos, poderíamos dizer que para efeitos de aproveitamento de tempo, o nosso relacionamento com o trabalho deveria ser mutualista ou de simbiose – onde a nossa pessoa e o nosso trabalho interagem para um benefício mútuo. Contudo, sabemos que isto nem sempre acontece… e muitas vezes por culpa própria. De facto, cedemos ao relacionamento parasitário com o nosso trabalho, deixando-nos apoderar pelo mesmo. É também um facto que somos treinados para isto, desde tenra infância, mas isso é matéria para outro artigo (daria para um livro, mas não tenho tempo!).

Regressando ao tempo, que muito frequentemente representamos por anos, meses, dias e horas, este falha-nos imenso! Olhamos para um calendário e o ano está no fim; olhamos para o relógio e vamo-nos deitar! Desde o envelhecermos, sem por vezes fazermos o que queríamos, ao dia-a-dia em que não temos tempo de qualidade com a nossa família, tudo isto são realidades com as quais advertidamente convivemos. Digo de forma advertida, porque não é por falta de aviso. Ora se assim é, porque não conseguimos mudar?

Olhando para o meu dia-a-dia, a correria, entre o sair da cama e o regressar a casa, é infindável. No meu caso posso dizer-vos que tenho maus hábitos, nomeadamente o deitar-me tarde, que prejudica indubitavelmente mais do que deveria; porque até posso optar por me deitar mais cedo, mas tenho sempre a tendência de ficar a fazer serão a ver algum programa que quero (como se a tecnologia não mo permitisse fazer num outro horário e dia), a ler alguma coisa que está por perto do sofá ou até em “joguinhos” no telemóvel. Vejam lá bem se isto não está errado?! Até eu sei que sim! Mas isto é só um exemplo de maus hábitos. Quantos de nós pomos o desporto ou um simples cuidar de nós para segundo plano? Nunca há tempo.

Falei do trabalho, contudo ainda nada referi relativamente a este. O facto é que tudo gira à volta do mesmo. Por exemplo, regularmente levantamo-nos a determinada hora porque vamos trabalhar e isso vai ocupar pelo menos as 8 horas contratuais, sendo que a estas temos de somar o tempo de viagens, a hora de refeição e mais aquele bocadinho que nos permite fazer aquilo que não conseguimos durante o resto do dia. Somando bem as coisas estamos a falar de, por baixo, entre 10 a 14 horas em média. De qualquer forma e ainda que assim seja, tendo por base o facto de dormir entre 6 a 7 horas, consigo ver aqui umas horas em que não faço nada, mas não sei delas. Normalmente digo que é por causa do trabalho, porque efetivamente o meu foco e a minha cabeça até lá estão – e mais ainda quando trabalhamos numa empresa com um excelente ambiente, onde somos reconhecidos e valorizados, como é o caso da More Results (afinal, não é por acaso que recebemos o prémio “Best Place to Work”!) – mas na prática não estou a produzir nada. Ora aqui está o parasita que sou eu a deixar-se apoderar de mim.

Ninguém, senão nós mesmos, tem o condão de dizer “Parou!”.

Reconhecer os ladrões de tempo e escalar bem o dia, é um bom começo. Dormir bem, praticar exercício (de forma a autoproporcionar um melhor bem-estar físico e psíquico), aproveitar bem as 8 horas de trabalho para produzir muito e bem, em vez de me envolver em desnecessidades ou ficar à frente do computador a olhar para vazio (por vezes parecem bloqueios cerebrais); isto para não falar das imensas pausas que tenho de fazer para reorganizar o arquivo da massa cinzenta, serão pontos de relevância e a ter em consideração. Há que fazer bem esta organização e conseguir fechar a porta. Levar o trabalho para casa é deixarmo-nos absorver pela tal relação parasitária. Quanto tempo estamos a dever aos nossos filhos, cônjuges, família, amigos e, principalmente, a nós mesmos? Sim, porque não dá para sermos para os outros, sem antes o sermos para nós.

Talvez esta seja uma das resoluções para 2020. Sim, porque agora não tenho tempo para isto!

 

Por Nuno Trindade, Business Analyst – People & Marketing Manager